Uma semana agitada
Depois de dezessete dias de internação em São Paulo, o Presidente retorna a Brasília com uma enorme ânsia de mostrar serviço. Ao invés de seguir as recomendações médicas, de repouso e dieta, ele preferiu trabalhar pesado de pijama. Não sei se o uso do traje de dormir está atendendo ao que os médicos queriam, mas com certeza tem deixado o Vice com um sorriso maroto, reparem nas fotos recentes.
O desembarque em Brasília se deu no meio de uma enorme confusão causada pelo filho mais novo, vereador no Rio de Janeiro, mas que nas horas vagas se diverte na função de Ministro sem pasta. O objetivo da confusão era conseguir a demissão do Presidente do PSL, hoje Ministro, em função de alegada utilização de candidatas laranjas nas últimas eleições. Muita gente acha que essa confusão serviu mais para tirar o foco do filho Senador, cada vez mais enrolado no caso Queirós. Seja por qual razões for, a presença dos filhos está virando um grande problema aos olhos do país, eles se comportam como macacos soltos em lojas de cristais, todo mundo sabe que vai dar problema, mas ninguém sabe o tamanho do estrago.
Alheio às confusões de Brasília o Ministro Moro resolveu encarar as lideranças das facções criminosas, espalhou os chefões do crime pelos presídios federais de segurança máxima, numa operação que envolveu polícias de vários estados e as forças armadas. Para evitar retaliações, coordenou com a polícia de São Paulo a prisão de quase quatrocentas pessoas ligadas aos chefões colocados em quarentena. Ato contínuo, tornou mais rígidas as condições de visitas aos presos de alta periculosidade. Com o Estado mostrando força, organização e determinação o crime acusou o golpe e não se ouviu falar nas retaliações de praxe, como queima de ônibus ou ataques a delegacias e viaturas de polícia. Esse Moro não é de embromação.
Depois de muita conversa a reforma da previdência começa a mostrar a sua cara, ao se definir uma proposta de idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para os homens. Essas idades já são de prática corrente mundo a fora, em razão do aumento constante da expectativa de vida, ocorrido nas últimas décadas. A diferença de tempo entre homens e mulheres vem sendo gradativamente abandonada, em razão do fato das mulheres terem uma expectativa de vida, em média, cinco anos maior que a dos homens. Mas como sempre, nós no Brasil temos uma enorme dificuldade em acompanhar o mundo. Além da definição das idades, definiu-se uma transição entre a Lei atual e a nova de doze anos. Eu, particularmente, achei muito longa, mas deve evitar uma reação maior ao novo cenário. Mais detalhes não foram divulgados, o que convenhamos é pouco, para um debate que deve envolver a todos. É o caso de aguardar por mais detalhes.
Faltando duas semanas para o Carnaval, o país começa a entrar em ritmo de festa. A Globeleza já está sambando nas telas e, mesmo o mundo político começa a perder interesse. A nossa maior festa é tratada de formas diferentes, Brasil afora. Nas grandes capitais como Rio, Salvador, São Paulo e Belo Horizonte ela virou um grande negócio, que enche a rede hoteleira, bares e restaurantes e faz a alegria dos taxistas que passam o tempo transportando o povo apegado ao álcool e a folia. Os números da festa são de impressionar, só em São Paulo foram computados quase cinco milhões de foliões diários, espalhados por centenas de eventos cidade afora. Os números de faturamento são enormes, estima-se que só em bebidas e hospedagem São Paulo faturou mais de dois bilhões de reais nos quatro dias de festa. Um tremendo negócio em meio a uma recessão econômica que lutamos para deixar para trás.
Enquanto muitas cidades transformaram o carnaval em um excelente negócio, outras preferiram tratar a festa como algo dispensável e inútil. O caso de Leopoldina é um grande exemplo. Todos os anos o Prefeito vem a público dizer que não fará investimentos no Carnaval e que aplicará os recursos na saúde. A conversa mais fiada que existe. Cidades que investem no carnaval como negócio, não despejam dinheiro em blocos ou Escolas de samba, elas tão somente, montam uma logística de limpeza urbana e definição de locais para a festa com som e iluminação e isso convenhamos não é investimento, é tão somente realocação de serviços cotidianos. Esses Prefeitos, ao ignorarem o carnaval, privam a cidade de oportunidades de ganho com a festa, tomado uma atitude populista, escorada no péssimo serviço de saúde, que nos deixa sem saber se é descaso com as atividades econômicas da cidade ou preguiça de trabalhar no Carnaval, afinal são quase uma semana de praia. E a Câmara de Vereadores? Finge que não é com ela.
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