A questão da Previdência

O projeto é bastante amplo e muda bastante a configuração da previdência atual. As medidas podem parecer duras, mas elas foram elaboradas a partir de uma lógica difícil de se contestar. Os técnicos da Fazenda mergulharam nos números da previdência do setor privado e elaboraram um perfil de como e em que condições ocorrem as aposentadorias do trabalhador brasileiro, e adotaram essas médias como parâmetros para todo sistema. Assim, as idades mínimas propostas são aquelas em se aposentam hoje os trabalhadores. Essa medida, permitirá a médio prazo uma maior equidade entre o setor público e o privado. Obviamente, as corporações e sindicatos colocaram a boca no trombone em “defesa dos pobres”, mas na realidade estão defendendo os seus privilégios, pois o pobre já vive a realidade da reforma proposta. Existem muitos outros aspectos que deverão gerar polêmicas e vamos trata-los com mais detalhes nas próximas semanas. Em conclusão, a reforma não muda o regime da nossa previdência, ela o ajusta à realidade. Como disse o economista Paulo de Castro, trocando o solado de sapato velho. A nossa previdência opera no regime de repartição simples, onde as contribuições dos que trabalham sustentam os aposentados e pensionistas. O sistema se desequilibrou porque há menos pessoas trabalhando e muito mais pessoas aposentadas. A reforma, em um resumo muito simplificado, aumenta o tempo de serviço e a idade para a aposentadoria para adequar o sistema à nossa realidade, ou seja, uma população mais envelhecida e por consequência com menos pessoas em idade laboral. Como a configuração etária da população é móvel, é muito provável que essa reforma tenha uma vida útil de no máximo trinta anos, dependendo do que sair do Congresso.
Por Sérgio Benatti
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