top of page

Primeiro Mês

Terminado o primeiro mês, do novo mandato Presidencial, o balanço que se pode fazer é de muita fumaça e pouquíssimo fogo. Não poderia ser diferente, com o novo Congresso ainda sem ter tomado posse. Não havia muito o que o governo pudesse fazer para implementar as reformas e mudanças prometidas. Foi um mês de muita cabeçada da nova equipe e de uma feroz oposição, por parte da mídia, mais do que propriamente dos políticos contrários ao novo Governo.

A mídia tomou a frente no papel de oposição. Até hoje a noite, teremos a definição do novo comando da Câmara e do Senado. Esse resultado definirá os novos rumos da política e do relacionamento do Governo com o Legislativo. A se julgar pelo noticiário, a eleição na Câmara está praticamente definida, em favor da recondução do atual Presidente, Rodrigo Maia. Maia é o que se pode definir como o fisiologismo em forma de gente. Paga auxílio mudança para Deputado reeleito, e paga duas vezes, uma para ele ir de volta para casa e outra vez para ele retornar a Brasília. Numa situação tão absurda que precisou de uma sentença judicial para acabar com essa farra. Mas isso é o de menos, ele é famoso por votações na calada da noite, somente com votos das lideranças partidárias. Numa dessas, enquanto dormíamos, ele aleijou a Lei de Responsabilidade Fiscal.


O país inteiro esperando mudanças, e nós aqui na iminência de ter que tolerar esse Imperador do Baixo Clero, e seu pouco apreço aos nosso dinheiro e interesses. Eu torço por uma surpresa na votação de hoje, mas é aquela coisa de torcedor, vale mais a paixão que a razão. Se na Câmara o resultado nos parece certo, a situação no Senado é muito mais preocupante. Lá a disputa pelo comando da casa se nos apresenta tenebrosa. Renan Calheiros, o Jagunço Mor das Alagoas, move mundos e fundos para voltar ao comando do Senado.


A biografia do Renan é extensa, a primeira vez que virou capa das revistas foi quando se descobriu que ele usava uma empreiteira para pagar a pensão, de uma filha que teve num relacionamento extraconjugal. Esse processo dormiu no Supremo, e, salvo melhor juízo, já prescreveu, depois desse temos mais uma dezena de processos. Mesmo com uma folha corrida dessas, o povo de Alagoas nos premiou com a sua volta a Brasília. O jogo do Renan é muito mais pesado, perto dele o Rodrigo Maia é um trombadinha de esquina. Renan, caso eleito, chantageará o Governo tanto para pautar as reformas, quanto para não pautar as chamadas pautas bombas. E o preço do Renan e seus seguidores é o loteamento do Governo.


Essa eleição definirá o futuro do Governo Bolsonaro. As articulações “discretas” do planalto não apontam para uma mudança desse cenário. Renan virou candidato do MDB, derrotando Simone Tebet por sete votos a cinco. Os novos senadores não conseguiram se agrupar em torno de um nome para enfrentar Renan. O cenário é preocupante. Aqui não é o caso de torcer, mas rezar muito para não voltarmos às piores práticas políticas que temos notícias.


O mês de janeiro termina com todos os olhos voltados para o drama de Brumadinho. Famílias destroçadas por perdas de seus membros, propriedades e trabalhos de uma vida inteira transformados em lama, num piscar de olhos. Novamente vemos a Vale, na sua arrogância, falar de rigor técnico de suas obras e outras arengas do gênero. Mas o que vemos é um total desprezo pela vida humana, colocadas em risco por adoção de técnicas totalmente inadequadas a que se destinavam. Construções vagabundas de alto risco, edificadas em meio à malha urbana. Tudo isso feito com a subserviência do poder público, ajoelhado de frente ao poder da companhia e da sua dependência econômica das atividades mineradoras. O poder público em Minas não tem força para enfrentar a Vale e seus desmandos.


A tragédia em Mariana é o melhor exemplo disso. O endurecimento das Leis de licenciamento foi parado na Assembleia de Minas Os órgãos de fiscalização tem menos servidores de que qualquer gabinete de deputado. As indenizações às vítimas não foram pagas até hoje, postergadas em ações judiciais, onde os advogados da Vale retardam o que podem as suas conclusões. A responsabilização pelo rompimento das barragens se perdeu no cipoal burocrático criado.

Dessa vez o número de mortos é infinitamente maior e finalmente algumas prisões foram feitas. Espero que não seja só jogo de cena, como a ajuda de Israel, que veio e passou quatro dias sem se sujar na lama. Sem punição aos responsáveis não haverá mudanças no comportamento da Vale e suas associadas..

Comments


bottom of page