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Menosprezando o Inimigo


Atrás da defesa da natureza existe um emaranhado de Organizações nacionais e internacionais, financiadas com dinheiro público e internacional, defendendo interesses que vão muito além das árvores e das onças que as habitam. O Brasil não tem satélite de monitoramento de queimadas e desmatamentos, esse trabalho é feito com o aluguel de satélites estrangeiros, principalmente da NASA. Os dados são coletados por agências internacionais e processados aqui no Brasil. A polêmica tomou tal proporção que a NASA veio a público mostrar que as queimadas deste ano estão iguais àquelas ocorridas nos anos anteriores. Ora, se está tudo como antes porque tamanha celeuma? A celeuma se deve aos interesses políticos em torno do ambientalismo, das verbas que ele movimenta e dos interesses internacionais em barrar a força do nosso agronegócio no mercado internacional. Criou-se uma onda contra o Brasil, mundo afora, que nos coloca como devastadores de florestas. O Governo errou feio ao sair chutando tudo e todos, sem ter uma política clara de enfrentamento da onda internacional. A semana termina com a formação de um gabinete de crise para a questão ambiental. Muito tarde, o estrago está feito e é grande.

O Planalto tem que começar a entender que voluntarismo e grosseria fazem sucesso para o público interno, mas é um desastre para a nossa imagem internacional. Falta ao governo uma política de comunicação eficiente e não a improvisação que estamos vendo. Os fatos são a nosso favor, não se explica a situação que nos encontramos. A coisa começou com a demissão do Presidente do INPE, uma figura respeitada e articulada dentro da questão ambiental. Havia denúncias de que o Instituto manipulava alguns dados para constranger o Governo, verdade ou não o Governo poderia ter regulamentado a forma e os critérios de análise e divulgação dos dados, ao invés de chutar o Presidente respeitado. Era só enquadrar legalmente o Órgão. Preferiu a política do “Deixa que eu chuto”, mal começo. Depois uma nuvem de poluição transformou a tarde de São Paulo em noite. A mídia culpou as queimadas amazônicas. A análise da fumaça que cobriu São Paulo mostrou que a poluição vinha da Bolívia. Aí se descobriu que na Bolívia, ao contrário do Brasil, as queimadas das lavouras são legais e que todos os anos o nosso vizinho queima 500 mil hectares de área agricultável, sem nenhum protesto internacional. O Governo dispõe desses dados, mas deu-se ao luxo de não os utilizar na sua comunicação.

Queimadas são um símbolo de atraso na agricultura, são proibidas no Brasil, mas são uma tradição cultural nossa, que vem dos índios, que só possuíam ferramentas de pedra e para plantarem queimavam o terreno para limpá-lo para a nova lavoura. Essa tradição já foi muito pior, o governo trava uma luta constante contra ela, mas ela resiste nos rincões mais atrasados. O perigo da queimada é que se perde o seu controle e ela atinge áreas florestais. Além das queimadas provocadas por agricultores atrasados, existem as queimadas acidentais, a Califórnia e Portugal enfrentaram incêndios imensos, no seu período de secas, nem por isso foram tratados como devastadores da natureza, aqui também elas ocorrem, mas são tratadas como ação criminosa do governo. Como se não bastassem tantos erros o Presidente resolveu encrencar com os doadores do Fundo Amazônia, que tinha como maior doador a Alemanha, que além de doar o dinheiro palpitava na sua aplicação, o que era visto como uma ingerência internacional nas nossas questões. Ao invés de mandar a Alemanha pegar o dinheiro e ir plantar árvores na Baviera o governo poderia ter começado uma longa discussão sobre a melhor maneira de utilizar o tal Fundo, com isso ganharia tempo para um maior controle da situação, mas não, preferiu o enfrentamento. Tudo isso agravado por um Ministro do meio Ambiente que saiu desmontado o que existia na política ambiental, sem ter nada para colocar no lugar. Uma coisa é se discutir qual o caminho ou política mais adequada, outra coisa e sair desmontando coisas baseado em preconceitos ideológicos, como se fez. Eu particularmente, olho com muita desconfiança a militância ambiental. No final dos anos 90 o Brasil era pioneiro na produção de sementes transgênicas o que permitiu a expansão da área agrícola no Norte e no Centro-oeste. Nesse período a Europa e os EUA estavam muito atrasados nessa tecnologia. Aí surgiu um forte movimento ambientalista contra os transgênicos, que se falava causavam Câncer e outros malefícios ao meio ambiente. A Pressão foi tão grande que se passou a exigir a notação de transgênico nos rótulos dos nossos produtos. Nessa época a EMBRAPA era responsável pela produção de quase 80% das sementes utilizadas no Brasil. Hoje a Europa e os EUA dominam as tecnologias de mutações de sementes, a EMBRAPA praticamente saiu do mercado e ninguém mais fala que sementes transgênicas fazem algum mal. O Brasil hoje é pioneiro na produção de alimentos, isso incomoda muita gente, pois ainda temos um enorme potencial de crescimento e não podemos permitir que isso seja prejudicado por amadorismo na condução das nossas questões ambientais.

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