Todos os olhos voltados para Brumadinho
Novamente vemos a Vale, na sua arrogância, falar de rigor técnico de suas obras e outras arengas do gênero.
O mês de janeiro termina com todos os olhos voltados para o drama de Brumadinho. Famílias destroçadas por perdas de seus membros, propriedades e trabalhos de uma vida inteira transformados em lama, num piscar de olhos. Novamente vemos a Vale, na sua arrogância, falar de rigor técnico de suas obras e outras arengas do gênero. Mas o que vemos é um total desprezo pela vida humana, colocadas em risco por adoção de técnicas totalmente inadequadas a que se destinavam. Construções vagabundas de alto risco, edificadas em meio à malha urbana. Tudo isso feito com a subserviência do poder público, ajoelhado de frente ao poder da companhia e da sua dependência econômica das atividades mineradoras. O poder público em Minas não tem força para enfrentar a Vale e seus desmandos.
A tragédia em Mariana é o melhor exemplo disso. O endurecimento das Leis de licenciamento foi parado na Assembleia de Minas Os órgãos de fiscalização tem menos servidores de que qualquer gabinete de deputado. As indenizações às vítimas não foram pagas até hoje, postergadas em ações judiciais, onde os advogados da Vale retardam o que podem as suas conclusões.
A responsabilização pelo rompimento das barragens se perdeu no cipoal burocrático criado. Dessa vez o número de mortos é infinitamente maior e finalmente algumas prisões foram feitas. Espero que não seja só jogo de cena, como a ajuda de Israel, que veio e passou quatro dias sem se sujar na lama. Sem punição aos responsáveis não haverá mudanças no comportamento da Vale e suas associadas.
Sérgio Benatti - Colunista ZM
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