Pesquisa da UFJF aponta impactos negativos da obesidade diante de infecções
Estudo é realizado em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pode contribuir com estratégias que minimizem as consequências de doenças, inclusive a Covid-19.
Uma pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é desenvolvida a fim de compreender como fatores associados ao desenvolvimento da obesidade podem impactar negativamente o sistema imunológico diante de diversos tipos de infecções e alterar funções primordiais das células no combate a vírus, bactérias e protozoários.
Intitulado "Modulação da ativação de macrófagos por fatores secretados por adipócitos durante a infecção por patógenos intracelulares, in vitro", o estudo ocorre deste 2017 e já identificou alguns dos fatores que podem causar a disfunção de células do sistema imunológico, o que permite entender os mecanismos moleculares pelos quais isso acontece.
De acordo com a professora da UFJF e coordenadora do estudo, Patrícia Elaine de Almeida, o trabalho pode contribuir com estratégias que minimizem as consequências ao hospedeiro frente a doenças causadas por vírus, incluindo a Covid-19, por bactérias, como na tuberculose, e por protozoários, como na Doença de Chagas, e possibilitar o foco em terapias mais eficazes.
Desenvolvimento da pesquisa
A obesidade é uma doença crônica, multifatorial, caracterizada pelo excesso de gordura corporal, o que leva a um estado inflamatório de baixo grau, conhecido como metainflamação.
Esse estado inflamatório crônico permanente, traz diversas consequências negativas.
Dentre elas a baixa sensibilidade insulínica, que pode desenvolver diabetes, síndrome metabólica, maior susceptibilidade à infecções e chance de complicações decorrentes destas enfermidades, redução da resposta imune antiviral e alterações nos parâmetros de coagulação.
Segundo a pesquisadora, várias moléculas e mecanismos são responsáveis por desencadear a inflamação no tecido adiposo branco, incluindo fatores genéticos, ambientais e desordens metabólicas, entretanto, esses fatores não podem explicar totalmente a origem da inflamação e, além disso, as estratégias anti-inflamatórias atuais não são suficientes no tratamento da síndrome metabólica.
“Em nossa pesquisa, usamos células provenientes do tecido adiposo – os adipócitos – e células do sistema imunológico, os macrófagos, os quais têm função direta na geração da resposta inflamatória crônica gerada na obesidade”, diz.
Resultados iniciais
De acordo com a pesquisadora, até o momento, já foram identificados alguns dos fatores que podem causar a disfunção de células do sistema imunológico, o que permite entender os mecanismos moleculares pelos quais isso acontece. "Sabemos que esses fatores são responsáveis por uma série de alterações imunológicas que tornam o hospedeiro mais suscetível às infecções", contou Patrícia.
O que foi identificado:
Alterações na produção e liberação de moléculas primordiais que medeiam respostas imunológicas e participam da defesa do hospedeiros contra infecções, como as citocinas e as adipocinas;
Alterações em organelas com função na sinalização celular e inflamação, como os corpúsculos lipídicos;
Alterações em proteínas receptoras que participam do metabolismo lipídico e resposta inflamatória, como o PPARgamma;
Participação de partículas denominadas ‘vesículas extracelulares’, que desempenham funções-chave no transporte de várias moléculas ativas como mediadores lipídicos, proteínas e ácidos nucleicos.
Patrícia explica ainda que os resultados anteriores com bactérias e protozoários apontam para a identificação de alvos moleculares (proteínas e moléculas específicas) que podem causar a disfunção de células do sistema imunológico. Agora, os pesquisadores buscam entender o comportamento dessas mesmas células impactadas pela inflamação causada pela obesidade, em respostas ao vírus SARS-COV-2, e se as mesmas alterações imunológicas que tornam o hospedeiro mais suscetível às infecções bacterianas podem estar envolvidos no pior prognóstico da Covid-19.
Quanto aos estudos já iniciados tanto para a Tuberculose quanto para a Doença de Chagas, já foram identificadas alterações na produção e liberação de moléculas primordiais chamadas citocinas e adipocinas, que medeiam respostas imunológicas e participam da defesa do hospedeiros contra infecções; alterações em organelas celulares com função na inflamação e metabolismo lipídico, chamados corpúsculos lipídicos; alterações em proteínas receptoras que participam do metabolismo lipídico e resposta inflamatória, como o PPARgamma; e a participação de partículas denominadas ‘vesículas extracelulares’, que desempenham funções-chave no transporte de várias moléculas ativas como mediadores lipídicos, proteínas e ácidos nucleicos.
> Com informações do Portal G1 Zona da Mata
Comments