Pandemônio na pandemia
À medida que a pandemia do Covid19 avança, país a fora, ela deixa um rastro de mortes, medo, falências, desemprego, medidas arbitrárias, falta de senso e muita, mas muita patifaria.
Num momento que a sociedade enfrenta um desafio enorme para superar e seguir em frente, muita gente, sem escrúpulos, resolve se aproveitar da situação e começa um grotesco espetáculo de corrupção, com compras e obras superfaturadas. Sob o manto do “estado de calamidade”, gestores públicos fazem um jogo de corrupção, que não tem nada de novo, mas que causa indignação a todos. A Polícia Federal, no que se chamou COVIDÃO, vem prendendo empresários e políticos, Brasil afora, num trabalho, que nos honra, mas mostra o quão vergonhoso e cheio de patifaria pode ser o setor público, com total falta de empatia para com tanto sofrimento, à nossa volta. Mais uma vez o Brasil mostrando ao mundo o que tem de pior.
No meio de tudo isso, infelizmente, Leopoldina resolveu virar manchete dos noticiários, do lado sujo da notícia. Uma compra de máscaras de valores acima das práticas do mercado, nos levou a ser investigados, pelo Ministério Público e a ter uma Comissão Investigativa na Câmara Municipal. Para fechar a semana os empresários responsáveis pelo fornecimento das tais máscaras foram presos, em mais uma operação policial do indigitado COVIDÃO. Essa prisão joga luz sobre uma compra que muita gente se esforça para empurrar para debaixo do tapete.
Vamos rememorar em linhas gerais esse enredo de segunda categoria.
A Prefeitura de Leopoldina logo no início da pandemia, promoveu compra, com dispensa de licitação, de máscaras, no valor de R$ 380.000,00. O edital da compra causou estranheza, ao não informar o número de máscaras a serem adquiridos, informava tão somente, o valor total da compra, tal omissão de informação impedia a avaliação da qualidade da compra frente aos preços de mercado. Efetivada a operação, a cidade é surpreendida por notícias dos telejornais que mostravam que a operação estava sob investigação da polícia e do Ministério Público. Após o noticiário alguns cidadãos entraram com denúncia na Câmara, sobre a compra das máscaras. A Câmara por sua vez, que abre uma comissão investigativa, com oposição dos vereadores ligados ao Prefeito, Kélvia, Suino, Helinho, Ivan, Elvécio e Flavinho.
A Câmara começa as oitivas dos envolvidos em sessões não abertas ao público, o Prefeito e servidores envolvidos vão sendo ouvidos.
Chama a atenção o fato dos depoentes serem todos Cargos de Confiança do Senhor Prefeito, tudo sobre controle. Antes do término dos depoimentos, novo noticiário surpreende a cidade com a notícia da prisão dos empresários responsáveis pela venda das já famosas máscaras. No mesmo dia da prisão o Ministério Público em Leopoldina pede o arquivamento da investigação da compra, por não ter identificado conduta irregular ou danosa da Prefeitura. O Ministério público não vê problema no fato das máscaras compradas serem de péssima qualidade e nem no fato do Município não tenha feito a devolução do produto, como fez a cidade de Lavras. Também o Ministério Público não viu problema no valor unitário da compra, entendeu o parquet que o momento era de convulsão no mercado, com os preços variando sem controle, mesmo frente à existência de produtos similares, nos sites de compra online, a valores muito menores, na mesma época. Neste cenário pode-se concluir que o nosso Ministério Público é muito mais compreensivo que o de Curitiba.
Agora estamos esperando pelas conclusões da Câmara, que sem o apoio do MP, pode se ver tentada a acatar a versão do Prefeito de que foi vítima de empresários inescrupulosos no auge do pânico da pandemia. Neste cenário, em Leopoldina, o COVIDÃO passará a ser denominado de PIZZA19.
É o que temos para hoje, em novembro a gente mostra o que achamos disso.
Comments