Os danos sociais das praças abandonadas
O trabalho “Políticas Públicas Para Praças de Uso Comum: Vetor para Desenvolvimento Social”, escrito em coautoria com o professor Dr. Juvêncio Borges Silva, foi apresentado no II Congresso Ibero-Americano de Intervenção Social (CIAIS), na cidade do Porto, em Portugal.
O referido artigo, inspirado na deficiente manutenção das praças públicas, propõe uma discussão sobre os danos sociais decorrentes dessa política, traçando um paralelo entre a situação do município e a Teoria das Janelas Quebradas, do professor P. Zimbardo (“onde há o caos, sempre haverá o caos”), mesma teoria usada em Nova Iorque na política de tolerância zero contra a criminalidade.
Partindo dessa teoria e da premissa de que onde o Estado está ausente, outras forças paralelas assumem o espaço ditando seus valores e implantando seu poder, debateu-se que praças públicas abandonadas pelo poder público — com mato alto, calçadas danificadas e sem iluminação —, geram consequências que vão além da questão estética.
A população que mora ao redor desse tipo de praça deixa de ter um espaço de vital importância para a realização de convivência social, de participação em eventos que visem ao desenvolvimento da cidadania e da cultura, de realização de exercícios e passa a sofrer de isolamento em suas próprias casas, diante o aumento dos índices de criminalidade que a ausência de iluminação pública traz. Caminhadas e exercícios ao ar livre, soluções gratuitas de combate ao sedentarismo, deixam der ser opções, o que, em longo prazo, traz reflexos na rede pública de saúde.
Os idosos fazem parte do grupo que mais sofre com essa situação, sendo verificados casos de depressão com graves consequências, o que poderia ser reduzido se as praças pudessem ser frequentadas e nelas realizadas atividades físicas e/ou culturais em grupo, destinadas especificamente às pessoas de mais idade. As praças públicas, como ocorre em cidades com maior índice de desenvolvimento humano, são destinadas ao bem-estar da população e para o exercício e desenvolvimento da cidadania, cuja manutenção e cuidados são de responsabilidade das prefeituras, com a participação da sociedade, sendo inaceitável que praças estejam há anos sem qualquer iluminação.
É também destacado no artigo que o combate ao vandalismo e à depredação e processo repetitivo, que passa necessariamente pela compreensão de que manutenção de praças não é custo, mas investimento; e que o desenvolvimento da educação traz na população o despertar do sentimento de “pertencimento”, ou seja, que os bens públicos pertencem à coletividade, havendo maior participação das pessoas na preservação desses espaços, tal como ocorre nos locais em que as questões de cidadania e de coletividade são mais difundidas.
Então, será preciso esperar a proximidade da próxima eleição?
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