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Médicos presos por manipulação de escalas médicas em MG guardavam R$ 500 mil em dinheiro e até armas em casa

Operação 'Onipresença' foi realizada na quinta-feira (12) em Leopoldina, após investigações revelarem práticas de fraudes, ocultação de erros médicos e até subtração de materiais necessários à realização de cirurgias. Casa de Caridade informou que departamento jurídico do hospital está tomando todas as providências necessárias.

Quatro médicos anestesistas foram presos durante a operação 'Onipresença', realizada pelo Ministério Público na Zona da Mata mineira. Os profissionais de saúde, que trabalham na Casa de Caridade Leopoldinense, são acusados de cumprirem plantões em outras cidades, como Além Paraíba e Muriaé, no mesmo horário em que deveriam atender pacientes do SUS no hospital em Leopoldina.



“Começou com a participação desses agentes em lugares distintos do mesmo hospital, ou seja, o sujeito fazendo um plantão em uma unidade do hospital e depois em outra unidade ao mesmo tempo. A conduta se expandiu para plantões em hospitais diferentes, distantes cerca de 60 km uns dos outros”, explicou o coordenador do Gaeco, Breno Coelho.


A ação ocorreu na quinta-feira (11) e cumpriu 30 mandados em Leopoldina e Além Paraíba, sendo 4 de prisão temporária, 6 de afastamento de funções e 20 de busca e apreensão, incluindo em dois hospitais da região e uma clínica de anestesiologia.


De acordo com o Ministério Público, na casa de três médicos foram encontrados quase R$ 500 mil em dinheiro. Além disso, no imóvel de um deles, foram apreendidas cinco armas de fogo sem registro.

 

Eles tinham plena ciência do que estavam fazendo e, inclusive, muitas vezes, zombavam da situação, acreditando que estariam manipulando as escalas e suprimindo informações importantes e cruciais para que nós pudéssemos fiscalizar”, completou o coordenador.


Eles poderão responder pelos crimes de peculato, falsidade ideológica, associação criminosa, entre outros. Os quatro foram encaminhados para o presídio de Leopoldina.


A provedora da Casa de Caridade, Vera Maria do Valle Pires, e a diretora técnica, Dr.ᵃ Donata, foram afastadas dos cargos. Em nota, a equipe jurídica do hospital informou que o departamento jurídico está tomando todas as providências necessárias, “incluindo o pedido de vistas aos autos do processo e dos inquéritos investigativos, visando compreender plenamente os fatos e colaborar com a Justiça”.

 

Plantões simultâneos e cirurgias no mesmo dia


As investigações da Promotoria de Saúde de Leopoldina com o MP começaram em 2020 para apurar a execução de plantões simultâneos em locais e hospitais distintos, cirurgias eletivas nos dias de plantões de urgência e anestesias simultâneas por parte dos profissionais médicos investigados.

Com a evolução das apurações, foram constatadas a prática de delitos ainda mais graves, que geraram a exposição dos pacientes a riscos concretos, como:


Cirurgias e anestesias eletivas foram realizadas pelos profissionais durante a escala de sobreaviso da urgência e emergência;


Esquema de manipulação de escalas médicas, cirurgias simultâneas/sequenciais e cirurgias eletivas durante o plantão SUS, com a prática do crime de falsidade ideológica;


Combinações de versões, falsidades documentais médicas e manipulação de documentos importantes.

As investigações também revelaram práticas de fraudes, ocultação de erros médicos e até subtração de materiais necessários à realização de cirurgias.

 

"Na nossa macrorregião da Zona da Mata 13 hospitais já assinaram acordo com o MP se comprometendo a adotar medidas para que essas práticas não ocorram e nós estamos aprofundando essas avaliações para garantir que essas exigências legais sejam de fato implantadas", completou o promotor de Justiça, Rodrigo Ferreira de Barros.


A operação desta quinta-feira contou com a participação de Promotores de Justiça, servidores do Ministério Público, policiais militares e civis.


Fonte: G1 Zona da Mata

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