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Juventude Roubada

  • jornalzonadamataon
  • 15 de ago. de 2021
  • 3 min de leitura

Essa primeira semana de dezembro foi marcada pela divulgação dos resultados do PISA de 2018, um exame internacional que mede a qualidade de ensino, nos países participantes, sendo 65 deles ligados à OCDE, grupo de países desenvolvidos que o Brasil tenta se integrar. O desempenho brasileiro foi estarrecedor. Estamos entre os últimos entre os participantes e na América Latina estamos em último lugar. A situação já é péssima, mas piora quando analisamos os detalhes dos resultados. Quando separamos os resultados das escolas privadas o Brasil fica entre os primeiros, ao lado da Suécia, e o ensino público analisado separadamente nos leva para níveis africanos. A pergunta que vem é, por que o nosso sistema público não consegue se ombrear com o sistema privado? Em muitos casos os professores são os mesmos. O que acontece nas nossas escolas públicas para um resultado desses? É salário? Não acredito. Um médico atendendo um paciente de convênio cura seus males, o mesmo médico no SUS não cura nem cuida? Não é assim com os médicos, não pode ser assim com os professores. Não tenho resposta para um resultado desses, nossas escolas públicas são boas, tem bons livros, grátis para todos, merenda, transporte, mas os nossos alunos não aprendem ou aprendem muito pouco. O que está acontecendo? Estão roubando a nossa juventude, na frente dos nossos olhos. Vamos continuar sem fazer nada? Num mercado de trabalho que exige cada vez mais mão de obra qualificada e habilidades específicas, estamos formando jovens que não conseguem sequer dominar a linguagem. Isso é um crime contra gerações de nossos jovens. Essa é com certeza a origem da cruel desigualdade brasileira. Sem uma educação de qualidade aceitável, estamos cavando um fosso entre os brasileiros, de um lado os bem formados das escolas particulares, que conquistarão as melhores oportunidades e de outro lado os malformados, com educação deficiente, que formarão um exército de mão de obra barata e abundante, condenados a uma vida de frustrações e dificuldades.

Seguindo com os resultados divulgados, temos que 60% dos nossos alunos, depois de nove anos no ensino básico, não conseguem entender um texto elementar, muito menos fazer um resumo dele. Em matemática não dominam conceitos básicos, como frações, regra de três e porcentagem, que se constituem um verdadeiro mistério para esse grupo. De tudo isso o que mais me chocou foi o fato de que menos de 5% de nossos alunos, frente a um texto jornalístico simples, conseguiram distinguir o que era fato do que era opinião. Nesse cenário fica quase impossível o exercício de um pensamento crítico, frente à mídia e às redes sociais. Um cenário realmente desolador.

A educação básica no Brasil é, majoritariamente, de responsabilidade dos municípios. O próximo ano, de 2020, é ano eleitoral para vereadores e prefeitos. É imperioso que a população cobre dos candidatos medidas efetivas para alterar esse quadro na educação pública. E não vamos perder tempo com ideologia de gênero, ensino religioso e doutrinação política, sociologia e filosofia, nossas crianças precisam aprender a ler e escrever com fluência e entendimento. Precisam também de instrumentos básicos de matemática para entendimento de instrumentos de inserção na vida econômica cotidiana. Com esse básico as demais matérias são absorvidas sem grande esforço. O que adianta ensinar filosofia para um aluno que não entende o que lê, não estamos ensinando, estamos somente doutrinando. Sem habilitar a capacidade de entendimento e crítica a educação vira adestramento.

Está mais que na hora de nossa sociedade abraçar a causa da educação. Lembrando um ditado africano que diz: É preciso do empenho de toda uma aldeia para se educar uma criança. Temos todos que nos empenhar para dar um futuro melhor aos nossos jovens sentados nos bancos escolares e para aqueles que estão por vir. Para os já vitimados pelo ensino deficiente, dos últimos anos, está na hora de pensarmos em cursos rápidos de capacitação e especialização. Em se tratando de educação, um país justo não trata suas crianças de forma desigual e nem deixa ninguém para trás.

Num mundo de rápida e constante mudança tecnológica o poder público tem que abraçar o conceito da educação continuada para os alunos e para os professores.

Salvem nossas crianças!

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