Juiz de Fora avança na capacidade de oferecer transplantes

O número de transplantes realizados em Juiz de Fora vem crescendo, assim como o de doações de órgãos, o que reforça a importância do trabalho de conscientização sobre o tema. Conforme dados fornecidos pelo MG Transplantes, até julho de 2019 já foram realizados 122 transplantes na cidade, sendo 51 de rins, três de fígado, um de pâncreas e 67 de córneas. Em 2018, foram contabilizados 147 procedimentos, e, em 2017, 152.
Considerando os dados já registrados neste ano, a expectativa é de que o número de transplantes em 2019 ultrapasse a quantidade de cirurgias realizadas nos anos anteriores. Isso porque, segundo o coordenador da Unidade de Prática Integrada de Transplante da Santa Casa, Gustavo Fernandes Ferreira, o recorde de transplantes realizados de janeiro até setembro, que era de 91, já foi superado pela instituição em 2019. “O que podemos afirmar é que o número de doações aumentou e o de transplantes também. O transplante de fígado é uma realidade na região. Foram mais de 20, somando os procedimentos feitos pela Santa Casa e pelo Monte Sinai, que estão habilitados. Também foram realizados dois transplantes de fígado-rim na cidade”, explica Gustavo.
Além dos procedimentos já citados, de 2017 a 2019 também foram realizados 62 transplantes de medula na cidade, de acordo com o Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), que já realizou, ao todo, 364 procedimentos deste tipo. A instituição também prevê crescimento no número de procedimentos, principalmente a partir do ano que vem, quando deve retomar a realização de transplantes renais e quando os transplantes de medula passarão a ser feitos em uma enfermaria que passou por obras para aumentar a segurança dos procedimentos.
“Graças a uma cooperação entre o Ministério Público do Trabalho e o HU, por meio de uma doação, pudemos fazer a obra, que ficou pronta esse ano, colocando a nossa enfermaria em condições de realizar todos os tipos de transplante com segurança, resolvendo problemas que aumentavam o risco infeccioso”, detalha o hematologista Abrahão Elias Hallack Neto, que comanda a equipe médica. “Nosso intuito é ter condições de oferecer mais transplantes do que fazemos hoje, com a qualidade adequada para a população”, afirma Abrahão.
Ao mesmo tempo, o HU também prepara sua equipe para retomar a realização de transplantes renais. O hospital tinha credenciamento para realizar este tipo de tratamento, mas, em função de questões operacionais, havia interrompido a oferta do serviço, embora ainda ocorra o acompanhamento dos pacientes que passaram pelo procedimento antes do hiato. Agora, o HU voltou a ter credenciamento e prepara seus profissionais para a retomada dos procedimentos.
“O hospital passou por mudanças em sua estrutura e muitos profissionais foram contratados nos últimos quatro anos. A nossa ideia é conseguir, efetivamente, fazer os procedimentos a partir do ano que vem”, afirma a médica responsável pelo serviço de transplante renal do HU e tutora da Liga Acadêmica de Transplante de Tecidos e Órgãos (Latto) da UFJF, Hélady Sanders Pinheiro, que também é membro da Diretoria da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
Como funciona?
Habilitado para realizar transplantes de córneas desde 2016, o Monte Sinai já realizou 30 cirurgias deste tipo este ano e também apresenta tendência de crescimento. No primeiro ano foram 28 transplantes de córnea, número que se manteve em 2017 e que subiu para 40 em 2018. A instituição também já realizou 14 transplantes de fígado, com resultado de 100% de sucesso na sobrevida.
O procedimento cirúrgico no qual um tecido ou órgão doente é substituído por outro saudável precisa ser antecedido por um gesto altruísta, que pode se feito a partir de doadores vivos (no caso de transplantes de rins ou de medula) ou mortos. “Qualquer pessoa pode ser doadora, exceto portadores de doenças infecto-contagiosas, portadores de HIV ou câncer. Hoje, mais de 80% dos transplantes é realizado com sucesso e um único doador pode salvar mais de 20 vidas”, esclarece o cardiologista e coordenador das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes do Monte Sinai (Cihdotts), Marcos Valério Louzada Carvalho. Ele ainda acrescenta que um doador não precisa pagar ou assinar nada: basta que ele comunique sua família, para que, se for necessário, o procedimento seja autorizado. Marcos Valério detalha que há doações em vida e as que acontecem em função das mortes encefálicas. Nos casos em que o doador é vivo, o receptor precisa ser cônjuge ou parente consanguíneo do doador e ter mais de 18 anos. Se não houver parentesco, é preciso ter autorização judicial.
Fonte: Tribuna de Minas
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