Famílias sofrem por falta de velórios de entes que morreram durante isolamento
O isolamento social afeta a sociedade como um todo. E famílias que perderam entes queridos durante a quarentena, mesmo de doenças não relacionadas à Covid-19, estão sendo privadas do velório e do enterro, ritual importante na cultura brasileira.

Com o isolamento social decretado pela Prefeitura Leopoldina, os velórios estão restringidos apenas por duas horas. Familiares mais próximos, como pais, irmãos, filhos, cônjuges, podem acompanhar os sepultamentos, desde que obedeçam ao distanciamento e às medidas de higiene, como lavar as mãos e usar álcool em gel. O uso de máscaras também é recomendado.
A grande reclamação e questionamento de diversas famílias é de que aquelas pessoas que faleceram sem as doenças relacionadas ao COVID não podem ser sepultadas nos túmulos familiares.
A visitação de túmulos, não está proibida. Mas é importante que todos se atentem ao decreto e somente saiam de casa para demandas essenciais. E a orientação é que pessoas nos grupos de risco da Covid-19 não frequentem esses lugares.
O sepultamento de pessoas com suspeita ou confirmação de contaminação pelo coronavírus é feito de forma especial. Os caixões são lacrados e os coveiros têm que suar uma roupa de proteção individual completa, com macacão químico, máscara, botas e luvas, o que não é percebido pelos parentes.
O isolamento social afeta a sociedade como um todo. E famílias que perderam entes queridos durante a quarentena, mesmo de doenças não relacionadas à Covid-19, estão sendo privadas do velório e do enterro, ritual importante na cultura brasileira.
O psicanalista Maurício Rafael Moreira explicou a importância do velório e do enterro para a saúde emocional.
“O luto é fundamental ser elaborado, vivido. Porque o luto não vivido vai ressurgir de alguma forma traumática na vida do sujeito. Isso é inevitável”, disse.
Além disso, há ainda o valor cultural desta despedida.
“É uma maneira de preservar a vida daquele que partiu. E quando somos privados disso, é uma dor maior. Mas não podemos ignorar a dor da perda também”, continuou.
Foto: Jornal Leopoldinense
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