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Até Coisa Boa Vira Problema


Até algum tempo atrás existia um país chamado Brasil onde o Governo se endividava constante e irresponsavelmente e, para financiar essa dívida crescente, se praticava a maior taxa de juros do mundo. Essas taxas altíssimas atraíram muito capital especulativo do exterior. Onde mais você poderia ganhar 15% ao ano sem fazer absolutamente nada, só financiando o Governo? Dinheiro nacional e internacional migraram para as aplicações do Tesouro Nacional. A entrada farta de Dólares fez o Real se valorizar fazendo a alegria de importadores e turistas. Aí, esse país distante resolveu fazer uma grande guinada política e elegeu um novo Governo comprometido com o fim do endividamento público e controle de suas contas. Em menos de um ano a dívida pública, embora alta, parou de crescer e o déficit do governo foi o mais baixo em quase uma década, a inflação baixou e a taxa de juros chegou a patamares tão baixos, nunca vistos. Tudo ótimo, todo mundo comemorando, aí começaram os novos problemas. Com a taxa de juros baixa o capital especulativo começou a sair do país rapidamente, em busca de melhores ganhos em economias irresponsáveis mundo afora. Com a saída dos dólares especulativos o Real começou a se desvalorizar. O capital especulativo nacional por sua vez, sem ter como migrar, começou a fomentar e especular no mercado de câmbio e na Bolsa de Valores. A Bolsa bate novos recordes toda semana e o Banco Central foi obrigado a entrar no mercado para diminuir os ataques especulativos contra nossa moeda. Tudo isso importa pouco para a população até que os preços dolarizados da nossa economia começam a ter que se ajustar ao novo cenário. A carne deu uma subida enorme e desapareceu do mercado. Os combustíveis devem seguir o mesmo caminho. As importações devem diminuir e os exportadores estão felizes da vida, mas são discretos em comemorar. A turma do boi está rachando de ganhar dinheiro. Como se não bastasse tudo o isso o nosso grande irmão do norte, o Trump, acusa o Brasil de estar manipulando a nossa moeda para tornar os nossos produtos mis competitivos e ameaça retaliar com sobretaxas para o aço principalmente. O Trump enfrenta um processo de impeachment em um ano eleitoral e aproveitou a deixa para posar de protetor dos interesses americanos. A nossa melhor chance de reverter esse cenário seria a atração de investimentos externos de longo prazo, mas a América Latina virou uma terra de incertezas, A Argentina resolveu dar um salto para trás, a possibilidade de mais uma moratória é crescente e as conversas sobre congelamento de preços voltaram ao noticiário. No Peru o Governo fechou o Congresso e interferiu no Judiciário e não se sabe para onde o país caminhará. A Bolívia colocou o Evo Morales para correr e tenta uma nova eleição cujo resultado não se pode prever. A Venezuela é o circo de horrores que já nos acostumamos e aí vem o Chile, a economia mais desenvolvida da América Latina, com um salário mínimo e uma renda per capta duas vezes a nossa, com todos os indicadores sociais mais próximos da Europa que de seus vizinhos, está paralisado há quase quatro meses por conta de um aumento de quarenta e três centavos no custo do transporte público. Por conta dessa paralização o PIB chileno recuou mais de 3% só em outubro último. Nesse ritmo ninguém sabe que Chile teremos em 2020. Num cenário desses que investidor colocará essa região no seu planejamento de longo prazo? Por conta disso os leilões do Présal atraíram somente uma participação simbólica de 10% dos Chineses. A situação interna no Brasil também não colabora. A insegurança jurídica, provocada por decisões estapafúrdias do Supremo, viraram notícia no mundo inteiro. Um ex-presidente já condenado a quase trinta anos de prisão desfila país afora tentando juntar forças para derrubar um governo, que ele julga, ilegitimamente eleito. Um cenário de hospício. Para completar o governo acusa o Leonardo de Caprio, aquele do Titanic, de estar financiando queimadas na Amazônia. Toda crise pede criatividade e audácia para a sua superação. No período FHC houve uma grande disputa comercial com os Estados Unidos, que nos acusava de subsidiar produtos de exportação, houve uma guerra de tarifas, num ambiente parecido como o de agora. Foi aí que o governo brasileiro ameaçou retaliar taxando a entrada de filmes e músicas americanas no nosso mercado. A indústria do entretenimento americana é poderosa e nós somos um grande mercado deles. Conversa vai conversa vem, as taxações americanas foram suavizadas e os filmes e músicas ficaram onde sempre estiveram. As vezes uma ação discreta é mais eficiente que muita bateção de bumbo para o eleitorado.

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