A hora da verdade
No meio do oitavo mês de governo o Presidente começa a se ver pressionado a tomar decisões, que vão definir o seu futuro e o do país. Chegou a hora de descer do palanque, e mostrar se está à altura da confiança que o povo lhe depositou. Depois de vários adiamentos continua sem solução a indicação do novo Procurador Geral da República. O Presidente oscila entre várias opções, como a recondução da atual Procuradora Raquel Dodge, ou se atente à sua militância, que quer Deltan Dallangnol, se atende ao corporativismo judicial de Brasília e nomeia o Aras ou se busca um novo nome que possa conduzir a PGR no meio da infindável rede de interesses que a acercam. Da decisão do Presidente dependerá o futuro do combate à corrupção e ao crime organizado, bem como o futuro da Lava jato e do bando de poderosos pegos na sua rede. As pressões são enormes e a decisão continua em aberto. Só nos resta aguardar e esperar o que a famosa caneta Bic nos proporcionará. Em cima da mesa presidencial chegará em breve a Nova Lei Contra o Abuso de Autoridade, um monstrengo gerado no Congresso, sob inspiração dos Senadores Beto Richa e Renan Calheiros, que tem como claro objetivo tirar poder da Polícia, do Ministério Público e do Judiciário no combate à corrupção e ao crime em geral. Foi um projeto votado na calada da noite, por votação simbólica, visando dar um troco na Lavajato, que ousou colocar políticos e empresários atrás das grades. Caberá ao Presidente decidir se sanciona ou se veta todo ou partes do projeto. Aí também, é uma decisão complicada. É óbvio que houve abusos por parte de autoridades na condução de algumas investigações, mas o povo, aí me incluindo, prefere uma polícia e um judiciário cometendo excessos do que ver ladrões andando livres e soltos gastando o dinheiro que nos foi roubado. Caberá ao Presidente, e a sua já citada Bic, decidir o que será melhor para o país. Bem mais ao sul, a Argentina prepara mais um salto para trás, conforme mostraram os resultados das últimas eleições primárias. O Presidente se colocou abertamente a favor do atual Presidente Macri, que muito dificilmente será reeleito. Aqui também, decisões difíceis serão necessárias. Eleita a chapa de oposição o que fará o Brasil? Irá se compor ao novo governo, mesmo a contragosto, com o objetivo de salvar o acordo com a União Europeia ou vai desistir do Mercosul e partir em voo solo e cuidar dos seus interesses comerciais sem as amarras hoje existentes? É uma decisão complicada e que inevitavelmente trará sérias consequências para todos nós, principalmente para a nossa economia. A Argentina é um grande parceiro comercial e estratégico para o Brasil, mas diferente de nós, o governo Macri não conseguiu reverter os estragos da era Kirchiner, optou por uma política gradualista de mudanças, que agravou o que já era ruim. Enquanto aqui, conseguimos aprovar a PEC do teto de gastos, conseguimos reduzir a inflação e os juros e já estamos quase finalizando a questão previdenciária lá todos os indicadores pioraram abrindo a trilha para a volta do populismo peronista. Também no âmbito Internacional a questão do Meio Ambiente promete situações complicadas. Se de um lado o Governo vem rompendo os acordos de ajuda internacional para o meio ambiente, e vejo isso como algo positivo, pois não acho saudável a fiscalização do IBAMA ser financiada com dinheiro alemão, por outro lado, se não houver uma definição de uma nova política para a questão ambiental, fatalmente, os países ricos começaram a impor sanções aos nossos produtos de exportação. O governo age certo ao tentar tirar o poder do dinheiro estrangeiro das nossas questões ambientais, estamos chegando a uma situação em que deve ter mais ONG do que índio na Amazônia, todas com financiamento externo. O Brasil tentou primeiramente uma composição internacional em torno da questão ambiental. O novo governo quer retomar o controle sobre essa questão. Não vai ser fácil, a propaganda e as pressões externas e internas serão pesadas e a nossa única saída é uma atuação responsável eficiente e clara neste setor o que até agora não se vislumbra. Para o Governo Bolsonaro chegou a hora da verdade, a lua de mel do início do Governo está terminando, as grandes decisões estão sobre a mesa e delas sairá o futuro que teremos. Que a Bic nos ajude.
Comments