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A CPMF e o Miserê


O Ponto alto da semana foi a demissão do Diretor da Receita Federal, em razão do seu apoio à recriação da CPMF, aquele imposto odiado por todos, onde toda vez que você mexe no seu dinheiro, já tributado, o governo leva um pedaço para ele. Essa é a versão para aquele público que acredita em Duendes e Mulas sem Cabeça. A versão mais realista indica que demissão se deu em razão da Receita Federal ter investigado Juízes e seus familiares entre outros graúdos da República. A CPMF entrou nessa história tal qual Pilatos no Credo. Agora vamos aguardar a nomeação de um novo Diretor da Receita, que se importe menos com os poderosos e se dedique mais aos recibos de dentistas da classe média assalariada. Pelas mesmas razões se espera a mudança do Diretor da Polícia Federal que, até onde se sabe, não escolhe CPF para investigar, e isso tem incomodado muito graúdo da esplanada e dizem até, dentro do Alvorada. A nomeação do novo PGR, que preconiza ajustes na Lavajato, do novo Diretor da Receita e da Polícia Federal se deve a uma busca de um ambiente de paz, para os poderosos da esplanada e adjacências. Enquanto isso o Ministro da Justiça assiste a tudo isso em um silêncio tumular, de tal sorte que a grande aposta hoje em Brasília, é como e quando o Ministro Moro desembarcará do governo.

No Legislativo a semana terminou com o Filho Senador do Presidente tentando, aos berros, convencer Senadores a retirarem assinatura da CPI da Lavatoga. Nessa batida, o combate à corrupção vai se tornando uma lembrança de palanque eleitoral, e não mais de uma política de Estado.

A eleição do Presidente Bolsonaro se deu na defesa de um tripé formado pelo Combate à Corrupção, O Equilíbrio das Contas Públicas e a Diminuição do Estado e da Pauta de Costumes. Uma vez que a pauta do Combate à Corrupção vai sendo esvaziada em nome de um acordão dos três poderes, que se auto protege e evita maiores danos à família presidencial envolvida em esquemas toscos de “rachadinhas”. Resta agora a Pauta Econômica, que já avançou com a Reforma da Previdência e promete um programa duro de privatizações. Os números da economia, até aqui, são bons, o Governo Bolsonaro vem mantendo um controle rígido das contas públicas, respeitando rigorosamente o Teto dos Gastos Constitucional. E é aí que ressurge a CPMF. Nessa altura do campeonato, à medida que se enxugam as despesas públicas, a elite do serviço público começa a sentir os efeitos do aperto financeiro. Cargos comissionados foram extintos aos milhares, na administração direta e nas estatais, há um controle maior de diárias de viagens e auxílios diversos que fazem a alegria da nata da aristocracia estatal. A CPMF é o imposto dos sonhos desse povo, faltou dinheiro aumenta um pouco a alíquota que alivia o aperto, foi assim no passado, e ao que parece, deixou saudades. Para se sentir o clima em que vive esse povo, basta lembrar a surtada que deu um Promotor de Justiça de Minas Gerais, que se viu condenado à mendicância devido a um salário líquido de míseros R$ 24.000,00. Foi de dar dó, o miserê narrado pelo Promotor. A situação é tão séria que o rapaz foi afastado do trabalho para tratamento de saúde, muita pressão. Por outro lado, a recriação de um novo imposto causa arrepios na população, que não quer saber de mais tributos nem de privilégios, quer saber de diminuição de despesas do Governo.

Finalmente, resta a pauta dos costumes, um troço que faz muito sucesso em grande parte do eleitorado, mas que pode estar nos conduzindo uma situação no mínimo embaraçosa. À medida que enfraquece o combate à corrupção podemos estar construindo um governo, onde se coloca a tropa na rua para impedir o beijo de dois adolescentes gay em um gibi, numa feira de livros, mas se mantém a tropa aquartelada quando os poderosos da República enfiam a mão em bilhões do nosso dinheiro. Abra o olho Capitão a história pode lhe ser cruel.

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